SEXUALIDADE

Sexualidade - Autoconhecimento e Qualidade de Vida

O Dr. José Bento - ele é ginecologista e obstetra dos hospitais Albert Einstein e São Luís.

Do GP1

É considerado normal se masturbar?
Dr. José Bento: Sim, desde que não seja a única forma de obtenção de prazer do indivíduo... A masturbação faz parte do autoconhecimento corporal e não há nada de patológico ou doente nesta atitude, realizada desta forma. Muitas pessoas ficam inseguras quando os parceiros se masturbam durante o ato sexual, e a maioria das vezes esta é só uma forma de aumentar o prazer e não de falta de interesse pelo parceiro.

Transar sem compromisso nenhum, só por prazer, é errado?
Dr. José Bento: De forma alguma, desde que essa seja uma relação aberta entre os parceiros, para que ambos estejam cientes de suas expectativas e de que sejam utilizados métodos de barreira (camisinha masculina ou camisinha feminina) para proteção contra as doenças sexualmente transmissíveis.

Se relacionar amorosamente só pela internet é prejudicial?
Dr. José Bento: Não se deve dar a internet uma importância maior do que ela realmente tem. Nada jamais substituirá o contato interpessoal; é da natureza humana o convívio com o próximo. No sexo virtual o contato físico é inexiste. É um terreno fértil para as fantasias, mas não tem a riqueza da experiência de um encontro pessoal.

Ter curiosidade sobre como é beijar alguém do mesmo sexo, já ter se masturbado olhando alguém do mesmo sexo ou sentir algo estranho pela melhor amiga, significa que a pessoa é homossexual?
Dr. José Bento: Não, a curiosidade não quer dizer que você quer ou vai mudar sua orientação sexual (desejar só homens ou só mulheres). É importante frisar que ninguém "vira gay", o que ocorre é que a pessoa descobre sua orientação sexual quando aparece o desejo por uma pessoa do mesmo sexo. Ninguém sabe por que uma pessoa muda a sua orientação sexual a ponto de se tornar homossexual. As fantasias são normais, talvez você deva apenas saber um pouco melhor o quanto elas são ou não reais e porque se são só fantasias elas incomodam tanto.

Sou homossexual! Devo contar para os meus pais? Como?
Dr. José Bento: Só você pode responder esta pergunta... A maioria dos pais cria os filhos para serem heterossexuais, mas não se pode conter ou abafar o desejo que existe dentro de cada um de nós. Quando você se sentir preparado, ou quando você tiver uma pessoa que deseja apresentar para sua família como seu companheiro, você acabe abrindo esta intimidade na hora certa. Quando será este momento? Depende de cada caso e de cada um. Você quer saber o que seus pais fazem na cama? Nem seus pais querem saber o que você faz também. Isso só diz respeito a você e seu companheiro e mais ninguém.

Tem idade certa para perder a virgindade?
Dr. José Bento: Lógico que não. Cada um tem seu momento. O ideal é que a menina ou o menino estejam preparados do ponto de vista físico e emocional para começarem uma vida sexual com responsabilidade... Todo adolescente que deseja iniciar sua vida sexual deve atentar aos três fatores, que costumo chamar de 3 P" s: Preparo, Parceiro e Prevenção.
Ou seja, estar preparado para tomar esta decisão de forma consciente e cercado de todas as informações, escolher o parceiro criteriosamente, ou seja ter uma pessoa com vínculo, e com proximidade, além de vivência em outros momentos antes da transa em si, e a prevenção, em qualquer transa sempre usar camisinha, sempre mesmo.

Para fechar, uma pergunta da Melhor Amiga aqui:

Como deveríamos encarar a sexualidade sem se preocupar com os tabus e preconceitos?
Dr. José Bento: Esta pergunta talvez represente uma das maiores dificuldades na sexualidade. Principalmente porque o ser humano é muito complexo e ele torna até mesmo a simplicidade complicada. Sexo é instintivo, é natural, mas até isto nós tornamos complexo. Vários são os fatores que podem influenciar a sexualidade de uma pessoa: formação cultural, educação, religião, desvios psicológicos, violência sexual na infância, falta de diálogo com o parceiro, entre outros...
O ideal é que na medida do possível deixemos a austeridade de lado e nos aprofundemos mais neste território prazeroso da sexualidade, onde o fato de dar e receber se misturam. As pessoas devem se abrir e não deixar de conversar. Acredito ser o diálogo aberto, principalmente entre parceiros, a única forma de nos livrarmos dos tabus e preconceitos.
Fonte: melhoresamigas.com