Uma em cada 6 pessoais ainda vai sofrer um AVC na vida. Os acidentes cerebrais isquêmicos resultam geralmente de um fluxo sanguíneo diminuído, parcial ou totalmente interrompido numa determinada região do cérebro. Ocasiona-se frequentemente por oclusão de um vaso sanguíneo cerebral, por um trombo (coágulo de sangue) ou placa de ateroma (gordura acumulada no interior dos vasos sanguíneos). A região afetada deixa de receber oxigênio e nutrientes necessários para manter o equilíbrio e sua função é afetada. Se for na área responsável pela função motora, haverá perda de equilíbrio, formigamento e paralisia de membros e face, se for na área da responsável pela audição e visão, essas funções serão afetadas, logo em seguida e assim sucessivamente, conforme a gravidade do caso. O AVC também pode ocorrer em mais de um lugar do cérebro, constituindo grande risco à vida e a desenvolvimento de seqüelas graves e irreversíveis. As causas são muitas, mas geralmente são decorrentes de: hipertensão arterial sistêmica, diabetes, dieta rica em sódio (sal) e gorduras, obesidade, sedentarismo, uso abusivo de álcool, fumo e outras drogas.
Sintomas:
Dormência ou fraqueza da face, braço ou perna, principalmente em um lado do corpo. Confusão ou alteração no estado mental. Problema ao proferir ou compreender a fala. Distúrbios visuais. Dificuldade em caminhar, tonteira ou perda do equilíbrio ou coordenação. Dor de cabeça intensa de início súbito.
Ricardo Gomes, Técnico do Vasco, quando sofreu um AVC hemorrágico em campo, exemplo clássico que demonstra os sintomas desta doença. |
Diagnóstico:
Assim que apresentar esses sintomas o paciente deve ser encaminhado a um serviço de emergência o mais breve possível, pois neste caso, o tempo de atendimento é um fator que além de salvar uma vida, diminui em muito a ocorrência de seqüelas grave e irreversíveis. O diagnóstico é feito pelo médico, através de uma avaliação clínica e realização de exames de imagem, Tomografia de Crânio ou Ressonância Magnética.
Tratamento:
Geralmente o paciente permanece internado, de preferência numa Unidade de Terapia Intensiva onde receberá os devidos cuidados durante a fase mais aguda e crítica do AVC. O tratamento medicamentoso consiste em drogas trombolíticas, que ajudam a desfazer os trombos e liberar o fluxo sanguíneo e melhorar a circulação e oxigenação naquela área afetada, também medicamentos para controle da Pressão sanguínea e cerebral, que nestes casos aumentam consideravelmente, e se torna o maior risco para mortes nesses pacientes. Além disso o paciente necessitará ser monitorado, precisará de suporte de oxigênio, nutricional e controle de exames laboratoriais. Passado esse tempo, virá a fase da recuperação, que passará por várias etapas, dependendo da realidade de cada caso, geralmente precisará de um bom trabalho de fisioterapia, fonodialogia, nutrição e de enfermagem. Em se tratando de um paciente idoso, a recuperação é mais lenta, exigirá de seus cuidadores muita paciência, dedicação e carinho, sendo que essa pessoa possivelmente virá a ficar por um tempo ou até permanentemente em cima de um cama, ou precisará fazer uso de cadeiras de rodas e terá tantas outras necessidades, de acordo com cada caso, que precisará de um acompanhamento especializado ou bem treinado para que as necessidades de cuidado sejam bem supridas e o bem-estar deste paciente esteja assegurado.
AVC Hemorrágico
O AVC hemorrágico ocasiona-se devido a uma hemorragia intracraniana decorrente da ruptura de um vaso sanguíneo no interior do cérebro. Pode ocorrer devido a um aumento considerável da pressão sanguínea sistêmica, ou decorrentes também do rompimento de aneurismas cerebrais (dilatações que se desenvolvem nos vasos sanguíneos intracerebrais com paredes menos resistentes, ao longo dos anos, sem apresentar sintomas clássicos e que, num determinado estágio da vida, se rompem causando hemorragia cerebral). Os sintomas geralmente são os mesmos de um AVC isquêmico, com ênfase para dor de cabeça de início súbito, confusão mental, perda de sentidos e desmaio. O diagnóstico é realizado também através de tomografia e em alguns casos realização de arteriografia cerebral, uma espécie de cateterismo para se avaliar as condições dos vasos intracerebrais e o local específico do sangramento. O Tratamento consiste basicamente em internação com intervenção cirúrgica, para controle do sangramento e alívio da pressão intracraniana, monitorização contínua, suporte de oxigênio, controle dos sinais vitais, principalmente da pressão arterial sanguínea e pressão intracraniana (PIC). Trata-se de um tipo de AVC muito grave com altos riscos para a vida desta pessoa. Novamente o tempo de atendimento é um fator muito importante para o sobrevida deste paciente.
Cuidados gerais quando o paciente vai pra casa:
Promover um ambiente confortável, com o mínimo de barulho (e bagunça) possível e boa circulação de ar, se for precisar ficar acamado, dê preferência a uma cama hospitalar, providencie colchão piramidal que ajuda a reduzir os riscos para desenvolvimento de úlceras de pressão, realize mudança de decúbito de 2 em 2 horas, tenha cuidado com a alimentação principalmente se o paciente vir pra casa com sonda, não esquecer de oferecer líquidos pela sonda, muitos aplicam a dieta e esquecem de oferecer água após isso, ou entre os intervalos, e o paciente corre o risco de ficar desidratado ou da sonda obstruir tendo assim que trocá-la, e geralmente esta troca precisa ser feita num ambiente hospitalar ou ambulatório que possua RX, já que o tipo de sonda recomendável nesses casos é a sonda enteral (que vai até a porção inicial do intestino delgado), que após ser passada demora até 24 horas para “chegar” no local adequado para só então poder ser colocada a dieta, só através da realização de um RX para se constatar o local exato de sua localização. Importante cuidar para que a sonda não venha a obstruir e assim ter que trocá-la muito frequentemente, a sonda, se bem cuidada, pode permanecer no paciente de 3 a 4 meses, ou até mais. Importante também que esta dieta seja oferecida lentamente, se ela for colocada a correr, o paciente pode apresentar forte episódio de diarréia. Se o paciente vir pra casa com sonda vesical de demora atentar-se para que a urina seja desprezada antes de encher completamente o coletor, e atente-se para sinais de infecção urinária (febre, ardência ou dor, corrimento, mau cheiro). Importante atentar-se para a questão da autonomia do paciente, deixar que ele ajude no que puder no seu auto-cuidado, seja ajudar a vestir-se, ou a enxuga-se na hora do banho, qualquer ajuda que ele possa fazer, dentro de seus limites, deve ser estimulada. Se o paciente, mesmo acamado, conseguir ficar sentado, pelo menos por algum tempo, estimular este hábito, quanto mais tempo puder passar fora da cama, mais rápido poderá vir a se recuperar. O acompanhamento de um profissional da fisioterapia é muito importante a ajudar a recuperar os movimentos perdidos além de ajudar na recuperação da força muscular, evitando assim os atrofiamentos.
Referência: SMELTZER, Suzanne C.; BARE, Brenda G. Bare. Brunner & Suddarth, tratado de enfermagem médico-cirúrgica. 10 ed. Vol. 2. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.
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