segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Para esquecer um grande amor



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PARA ESQUECER UM AMOR...





Um grande amor acaba por muitos motivos. Acaba em dias de chuva, em tardes ensolaradas. Acaba a toda hora. Assim como quando um grande amor começa. Mas um grande amor nunca acaba de repente. Vai acabando aos poucos. Essa espera pelo fim definitivo de um grande amor maltrata a gente. Dói sem parar. Ainda mais quando era um amor honesto e verdadeiro. Há quem pense que é impossível esquecer um grande amor. Alguns já morreram tentando. E falam como Neruda: “tão curto o amor, tão longo o esquecimento”. Esquecer é difícil. Ainda mais esquecer coisas boas. Momentos felizes. Sorrisos. Aplausos. Aquela noite. O beijo. Aquela dança.
Para esquecer um grande amor é preciso começar evitando algumas músicas. Em especial aquelas que falam de amor, de sonhos ou aquelas que usam demasiadamente a palavra “você”. Porque pra esquecer um grande amor é preciso uma grande dose de individualismo. Tente não lembrar daquela música, daquele dia, naquele lugar, que acabou se tornando a “nossa música”. Recomenda-se também evitar as músicas cantadas em italiano. Mesmo que você não suporte as canções italianas. Mesmo que você nunca tenha ouvido uma. Mesmo que você não entenda nada do que diz a letra. As canções italianas têm uma estranha ligação invisível com o amor. Então é melhor evita-las. E pra matar sua curiosidade, as letras das músicas italianas são todas iguais.



Alguns lugares são pouco propícios pra quem tenta esquecer um grande amor. As praças geralmente estão infestadas de bancos onde uma legião de namorados trocam beijos, abraços e qualquer outro tipo de carinho. É melhor passar ao largo. Vire o rosto. Se um casal vier em sua direção, não hesite, troque de calçada. Passe longe de cinemas, fuja de sorveterias e em festas não chegue perto da barraca de maçã do amor.
Também é difícil de lidar com aquelas coisas que ainda lembram o outro. Aquele perfume que você comprou só porque ele gostava, e que nunca acaba. A camiseta que ela achava o máximo. A blusinha que você estava usando quando ele falou que você estava mais magra. Aquela corrente de prata com um pingente delicado de coração que você viu no shopping e achou que ficaria linda no pescoço dela, e ficou. Os discos, livros e filmes que vocês trocaram, ouviram e assistiram juntos. Enfim, tudo o que representou algo na história daquele amor que você achava que era pra sempre. Quanto a essas coisas ainda não há um consenso sobre o que fazer. Há os que preferem jogar tudo fora. Alguns devolvem. Outros simplesmente deixam de lado. Em qualquer uma das três opções estas coisas dificultam o esquecimento. Prepare-se para isso.
Também existem os amigos. O que fazer com os amigos? Se eles são amigos em comum é melhor evita-los por um tempo. Principalmente o “casal de amigos com quem vocês jogavam boliche”. Faça novas amizades. Conheça gente nova. Encontre pessoas pra quem você não vai ter que contar tudo em detalhes e que, dificilmente, perguntarão sobre o outro. Se os amigos são apenas seus, avalie até onde você está sendo chato, porque todo mundo que sai de um grande amor vira um chato em potencial, e tente fazer novos programas com eles. Amigos são bons em nos fazer esquecer. Conte com eles. Mas não abuse.
As fotos. Caso você tenha receio em queimar, coloque todas as fotos em um envelope de papel pardo. Feche o envelope com cola e guarde no último canto, da ultima gaveta, do último balcão do sótão. Deixe a chave da gaveta em um lugar bem incomum, onde você nunca guardaria. De preferência esqueça esse lugar assim que puder. As fotos são cruéis. Algumas guardam nossa alma.
Destino semelhante merecem as cartas que vocês trocaram ao longo de todo esse tempo. São só palavras. Mas elas foram misturadas e colocadas de um jeito que destroem qualquer pessoa. E o pior é que muitas vezes foi você o responsável por deixa-las assim. As cartas são fragmentos de um contrato que não deu certo. Às vezes elas nos ajudam a entender. Às vezes elas machucam mais ainda. Depois que tudo terminar, leia todas ao menos uma vez. Então as deixe.
Existe muito mais a se fazer para esquecer um grande amor. Todas as outras coisas são tão difíceis como as anteriores. Um grande amor deixa marcas muito profundas. Algumas demoram a cicatrizar. Outras ficam abertas pra sempre. Certas pessoas nunca esquecem. Outras simplesmente apagam tudo. Algumas pessoas são inesquecíveis mesmo.
Às vezes, para esquecer um grande amor só um outro grande amor. Senão não se esquece. E grandes amores começam a toda hora. Em dias de chuva. Em tardes ensolaradas.
ANDREIA CAETANO - PIUMHI MG

2 comentários:

  1. muito interessante essa colocação, gostei mesmo.

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  2. Andréia, texto mais que maravilhoso.

    Acabo de terminar um grande amor para começar outro.

    Sinto-me mal e bem pelo que fiz.

    Procurei no google uma resposta e fui levado a seu belo texto, com a bela citação do poema de Neruda (sou um poeta também).

    Obrigado, querida!

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